ACV Eucafluff®, menor pegada ambiental para o mercado de higiene
A Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) é, certamente, a melhor e mais completa ferramenta que temos disponível no mercado para avaliar os aspectos ambientais e impactos potenciais (positivos e negativos) ao longo da vida de um produto – da matéria-prima até a destinação final – para, a partir disso, fazer escolhas mais sustentáveis. Por meio de um estudo de ACV, ao comparar a celulose fluff de eucalipto produzida pela Suzano no estado de São Paulo, região sudeste do Brasil com a celulose fluff de pinus produzida no sudeste dos Estados Unidos, chegamos a diferenciais que conferem a fluff produzida pela Suzano vantagens comparativas importantes para reduzir a pegada ambiental dos produtos de higiene.
É importante destacar logo no início deste artigo que o ciclo de vida geralmente é composto pelas etapas necessárias para que um produto seja desenvolvido ou concebido e para que ele cumpra sua respectiva função incluindo os estágios de destinação final (reciclagem, aterro, etc.). Na ACV da Eucafluff®, considerando que as celuloses terão a mesma destinação final independente da origem, concentramos a análise apenas no desenvolvimento e concepção desta matéria-prima, abrangendo desde o processo de obtenção da madeira, passando pela produção da celulose na fábrica, até a etapa logística de entrega da fluff nas fábricas de clientes da Eucafluff® em diferentes regiões do mundo. Desconsideramos, portanto, a etapa de fabricação do produto de higiene, uso e destinação final. Este recorte não traz prejuízo aos resultados comparativos já que as celuloses vão passar por processos semelhantes após a produção.
Para esta avaliação, a ACV Eucafluff® foi regida pela série de Normas ISO 14040 e ISO 14044, com verificação de terceira parte realizada pela KPMG. Utilizamos dados reportados pela Suzano para representar a produção do eucalipto e da sua celulose fluff e dados secundários públicos para representar a produção de Pinus e da celulose fluff de pinus produzida no sudeste dos EUA.
Assim, levando em consideração o escopo do estudo descrito acima, ao comparar a Eucafluff® com a fluff de pinus do sudeste dos EUA, chegamos ao primeiro diferencial chave: a Eucafluff® tem um impacto 82% menor que a fluff de pinus na categoria Uso do Solo, o que nos permite indicar que, em comparação à fluff de Pinus, o uso da Eucafluff® diminui a pressão pela ocupação do solo destinado a outras culturas agrícolas. Como detalhado no Infográfico 1, isso se dá devido a três fatores principais.
- O eucalipto tem um ciclo de colheita muito menor que o pinus no sudeste dos EUA. Enquanto o eucalipto é colhido após 7 anos, o pinus naquela região demora 27 anos, ou seja, temos quase quatro ciclos de eucalipto no mesmo período de um ciclo de pinus. Isso significa produzir mais com menos área.
- Os dados de produtividade do eucalipto na região sudeste do Brasil, reportados pela Suzano, indicam maior produtividade em comparação com os dados públicos de produtividade encontrados para o pinus na região sudeste dos EUA. Um hectare de eucalipto produz 328m³ de madeira (dados da Suzano para região sudeste do Brasil) enquanto um hectare de pinus produz 236m³ (Puettmann et. al, 2013).
- É possível produzir mais celulose com um metro cúbico (1m³) de madeira de eucalipto do que com 1m³ de pinus. Colocando de outra maneira, para produzir uma tonelada de celulose fluff, consumimos 3,5m³ de madeira de eucalipto e 4m³ de madeira de pinus (U.S Department of Energy, 2005).
Além da categoria do Uso do Solo, a fluff de eucalipto produzida no sudeste do Brasil se destaca por apresentar uma pegada de carbono consideravelmente menor que a fluff de pinus produzida no sudeste dos EUA. Quando analisamos a ACV destes dois tipos de fluff, concluímos que as emissões de gases do efeito estufa (GEE) durante o processo produtivo e logístico da Eucafluff® são 30% menores que a fluff de pinus do sudeste dos EUA, no cenário base do estudo (entrega do Fluff em uma fábrica na Turquia). Um dos principais fatores para esta redução nas emissões durante a produção da Eucafluff® é o uso de uma matriz energética renovável e mais limpa. Mais de 85% da matriz energética da Suzano utilizada no processo produtivo é de fonte renovável, como licor negro.
O infográfico 2 aponta as principais fontes de emissão de GEE no ciclo da Eucaluff com especial destaque para o conteúdo de carbono no produto. Para cada tonelada de celulose Fluff, cerca de 1630 kg CO2 são removidos da atmosfera na fase de crescimento do eucalipto. Esta quantidade de carbono vai permanecer sequestrado na celulose até a sua total decomposição ou caso essa celulose seja reciclada no fim de vida. Já as emissões fósseis somam 644 kg de CO2 eq. Este cenário expõe o potencial da Eucafluff® para ajudar a reduzir a pegada de carbono dos produtos finais.
Além dessas duas categorias detalhadas acima – Uso do Solo e Emissões de Gases de Efeito Estufa – a avaliação do ciclo de vida da Eucafluff® revelou também outras vantagens comparativas que posicionam esta nova matéria-prima como um produto com alto potencial para ajudar as empresas a endereçar um dos maiores desafios que enfrentam atualmente: reduzir o impacto ambiental de seus produtos e ser parte da solução para a crise climática. Nenhuma empresa conseguirá enfrentar estes desafios de forma isolada, por isso a construção de parcerias estratégicas na cadeia de suprimentos para reduzir a pegada ambiental dos produtos terão um papel fundamental nas novas dinâmicas de mercado em busca de um futuro mais sustentável.
Sobre a ACV Brasil
A ACV Brasil tem como missão estimular a integração de ferramentas de gestão socioeconômica-ambiental, preferencialmente baseadas sobre o conceito do ciclo de vida, nas ações e práticas de empresas e associações. Sua atuação abrange o ciclo de vida de produtos e serviços e oferece também consultoria e revisão crítica para diversos estudos de ciclo de vida, além de suporte para rotulagem ambiental, venda de licenças de softwares e treinamentos. A empresa é parceira da PRé Consultants, criadora do software SimaPro, líder em Avaliação do Ciclo de Vida, bem como da ifu Hamburg GmbH, criadora do Umberto. Além disso, acompanha o desenvolvimento do Life Cycle Initiative, da UNEP e da SETAC e é membro fundador da Rede Empresarial Brasileira do Ciclo de Vida.
Referências:
[Puettmann et.al., 2013] Puettmann, Maureen; Oneil, Elaine; Milota, Mike e Johnson, Leonard. Cradle to Gate Life Cycle Assessment of Softwood Lumber Production from the Southeast . Disponível em: https://corrim.org/wp-content/uploads/2018/06/SE-Lumber-LCA-may-2013-final.pdf
[U.S Department of Energy, 2005] Energy and environmental profile of the U.S. pulp and paper industry. Office of Energy Efficiency and Renewable Energy. Disponível em: https://www.energy.gov/sites/prod/files/2013/11/f4/pulppaper_profile.pdf